Hoje, a Folha de S. Paulo publicou uma notícia de que a Barra Funda vai se urbanizar, e "se transformar em uma nova Perdizes". O jornal escreve isso e não faz nenhuma reflexão sobre o que significa isso. Para que mora em Perdizes pode dizer o que a verticalização fez com o bairro: trânsito, barulho e poluição.
fonte:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1000850-regiao-da-barra-funda-em-sp-ganhara-16-km-de-vias.shtml |
Eu sei que não sou a primeira, e infelizmente, nem a última pessoa a pensar sobre isso. Esse tema já foi discutido em vários locais e por várias pessoas. Aliás - pausa para o Merchandising - assistam o filme Medianeras, que já passou por esse blog e trata dessa questão de forma belíssima. Também não sou a melhor pessoa para falar disso, já que sou professora e entendo muito pouco de arquitetura. Mas eu entendo um pouco de pessoas. E sei que a convivência é fundamental.
O dinheiro para as obras de restruturação do bairro viria das grandes obras. Porque na Nova Barra Funda, quem quiser construir acima do permitido basta pagar uma taxa à prefeitura... Hein?! As vezes eu me sinto em um filme de ficção em que não entendo as regras direito.
A construção desses megaprédios corrobora a lógica do individualismo. Cada um no seu quarto, com seu banheiro, seu computador. Quem dividiu banheiro com a irmã, sabe do transtorno que pode ser a hora de ir para a escola todas juntos, mas a delicia que é se arrumar para a festa dividindo o mesmo espelho. Eu sei que pode parecer um pensamento infantil, mas se as pessoas convivessem mais, seriam mais felizes e menos deprimidas. E agora as pessoas deixam de conviver em suas próprias casas, com suas famílias. Tenho medo de onde isso pode acabar.
E quem precisa de salas ou janelas? |
Mas essa reportagem levanta outra questão. A gestão da Marta Suplicy tinha outro projeto para a urbanização da Barra Funda, que em uma busca rápida pelo google, re-encontrei em uma reportagem do Uol de 2006. E então, má vontade ou mau jornalismo? Por que para mim é muito estranho um repórter não fazer uma busca, que eu fiz em 0,30 segundos. Talvez porque encontraria a reportagem do concorrente, um pouco mais completa, que já avisava das mudanças do bairro em 2010 e não "esqueceu" o projeto da antiga prefeitura.
Por isso a partir de hoje eu lanço a campanha: menos suites, menos fluoxetinas. Para que possamos discutir e construir a cidade que queremos.