quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dos oito aos oitenta

Semana passada eu precisei dos meus diplomas. Sim, no plural, eram os diplomas desde o 1o grau. E faz tempo que eu terminei a 8a série. Naquela época ela ainda se chamava 8a série e o 1o grau, 1o grau... Impossível achar essas coisas na minha casa. Fiz um telefonema, mais irritada do que esperançosa:

- Mãe, preciso do meu diploma da 8a série - falei como quem diz um absurdo, esperando que ela me apoiasse e dissesse: "mas por que raios precisam do seu diploma da 8a série?". Enganei-me.
- Claro! Pode vir buscá-lo. Está aqui junto com os outros. - Outros?!

Pois é, outro dia me disseram "mãe é mãe" e a minha não foge à regra: tinha uma pasta com todos os meus "diplomas", que incluia atestato de batismo (!), certificados e todos os meus boletins da época da escola!! Só mesmo a minha mãe para guardar essas coisas. E eu ainda nem mencionei as constrangedoras fotos-anuais-deuniforme. Porque o que me interessou foram os boletins.

Estudei em uma escola em que, além da avaliação da professora, todos os bimestres fazíamos também uma auto-avaliação do nosso trabalho, das dificuldades, dos aprendizados... Enfim, para que não houvesse dúvidas estava lá em todos os bimestres: "tenho dificuldade em português, ainda confundo o b pelo d e o t pelo v", e outra confissão: "aprendi matemática, só não consigo acertar o resultado das contas". E-x-a-t-a-m-e-n-t-e isso. No meu boletim da 2a série, para que todos possam ler. E como eu me descreveria hoje? "Tenho dificuldade em porvuguês, ainda confunbo o b pelo d e o t pelo v, mas aprenbi mavemática, só não consigo acertar o resulabo das convas".

Sempre achei que tivesse dislexia, mas na verdade eu tenho maturidade intelectual de uma criança de oito anos!

Bom seria se a minha viagem ao auto-conhecimento tivesse parado por aí... Nessas férias eu e minha mãe recuperamos o "projeto caminhada" e voltamos a andar pelo bairro. Descobrimos uma praça nova nas redondezas e nos jogamos nos aparelhos de ginástica. Eram uns aparelinhos divertidos, que fazem parte de uma "academia para a 3a idade". Ficamos por lá alguns minutos apenas e qual foi o resultado? Meu corpo inteiro dói. INTEIRO. Ou seja, fui reprovada de novo...

Sempre achei que eu tivesse uma descordenação charmosa, mas na verdade meu corpo não consegue acompanhar nem exercícios para a 3a idade!

Em resumo, sou uma mulher de trinta anos que pensa como se tivesse oito em um corpo de uma senhora de oitenta. O que sobrou para mim?

3 comentários:

Anônimo disse...

a coisa tá preta..... É caso de fazer um transplante da cabeça aos pés.....

analu disse...

Ta engraçadinho esse anônimo, não?

Anônimo disse...

A verdade doi e não é nada engraçada.....