terça-feira, 18 de janeiro de 2011

La policía soy yo - ou as pessoas e suas profissões

Conseguimos passar pela Espanha sem maiores percalços. Atravessamos o país de carro, encontramos lugares lindos. Conhecemos a Barcelona de Gaudi. Mas viajar é estranho, quando está acabando, a vontade de voltar fica maior do que a de ir e assim chegou o último dia.

Fomos contentes para o Aeroporto. Até enchemos o tanque do carro quase sem ajuda! Tudo certo. Só que o voo estava atrasado: o aeroporto de Madri - onde faríamos conexão - estava coberto por neblina. Esperamos. Embarcamos. Chegamos a Madri três horas depois, a meia noite.

"Os passageiros com destino a América do Sul devem permanecer no avião". Não! Como assim? O nosso voo é a... 12:15! Tentamos com a aeromoça:
- É melhor esperarem aqui, o ônibus já vem e será mais rápido.
- Mas você acha que vai dar tempo?
- Não, sei, se o voo estiver atrasado também.
- E está?
- Isso eu não posso dizer.

E quem poderia, senão alguém da companhia áerea?

- O ônibus não vem, podem ir caminhando. - hein? como? assim, agora que já se passaram 15 min? Ok, caminhamos. Caminhamos. Metrô. Caminhamos. Elevador. Caminhamos. Polícia federal. Caminhamos. Terminal U 69. Chegamos, mas o avião tinha partido. Ótimo. Vamos até o balcão da Ibéria e encontramos toda a latino américa: Quito, Guayaquil, Lima, até uns holandeses simpáticos que iam para Santiago, Bogotá, e nós, para São Paulo. Era uma confusão completa e o rapaz atrás do balcão não parecia feliz. Sim, era um, atendendo toda a latino américa.  Logo chegou outro, mas não diminuiu a confusão. A garota do Equador conseguiu um voo para La Paz, depois iria para Lima e enfim, casa. O casal de velhinhos londrinos iam para Galápagos, mas conseguiram um voo para Buenos Aires. O nosso desfecho não parecia promissor. E não era.

- Este balcón se cerrará a las dos...
- Sir, I don´t speak spanish, sir - gritou disse a senhora que tinha ficado o tempo todo atordoando a fila com seu livro e sua cadeira.
- I´m not talking to you, madam. I´m talking to them. Señores, dirijam-se a la planta 2, para el balcón de Iberia que es 24h, este se cerrará a las dos e voy a atender apenas hasta ella - ufa! "ella" era a Cristina! Estávamos salvas, ou pelo menos, pensávamos.

Chegou a nossa vez.
- Son las cinco para dos, yo no sé se voy a conseguir atende-las porque el terminal desliga sozinho, es la unica manera que tengo de ir para casa - o quê? Sim, eles estava nos dizendo que o computador desligaria sozinho as duas da manhã, depois de duas horas de espera, e a 10h de voo de casa. - pero voy a intentarlo. Su vuelo será mañana a las doce con veiticinco. Ustedes tienen que coger el autobus 1 que esta en la planta 2. Voy a cerrar la ventana e entregarei los ticketes e sus passaportes en la puerta. - e começou a descer a grade que fechava o balcão. E nesse instante, a senhora londrina dá um pulo até o balcão.

- Sir, you are not going to help me?
- No, I told everybody that we were going to close at two. Now it´s two o´clock. I´m going to close.
- You´re not. May I have your name, please? I´m going to talk to the authorities.
E a janela se fechou. Mas espere. E OS NOSSO PASSAPORTES? Fomos até a porta, enquanto a senhora chorava sentada, com seu livro, na cadeira, help me please, I don´t speak spanish. E nosso coração amoleceu... por cerca de... um segundo até que a porte se abriu e ela, mas rápido do que tudo voou no pescoço do rapaz da Ibéria. O rapaz se defendeu e entre gritos, empurrões, "I´m a professor at University of London!", "I´m doing my job", "Oh, if you worked in London", "You should speak spanish, aren´t you a professor?", nossos passaportes esperavam nas mãos do rapaz de uniforme vermelho. Conseguimos recupera-los depois que a segurança do aeroporto chegou. O que fazer? Caminhar até outro balcão da Ibéria.

Caminhamos. Mais escada rolante. Caminhamos. Ibéria. Fechado. E algumas pessoas eperavam que o balcão abrisse, loucas para contar como tinham perdido o voo. E o guarda chegou, nos disse que deveríamos ir para o outro terminal, que passássemos pela polícia federal. Mas já tinhamso feito a Imigração. O que fazer agora? Sempre tive muito medo da imigração. Chegando no balcão juntei todo meu portuñol e fiz o maior esforço para que o guarda não pensasse que eu era um completa idiota.

- La polícia nos mandó vir a usted. Queremos ir al balcon de Ibéria en otro terminal.

E o homem sem sorrisos pega nosso passaporte, olha cada um deles e diz:

- Non pasaram por la polícia, porque la polícia soy yo.
- Er... desculpeme, era um rapaz con ropas verdes.
- Son guardas civiles - e o meu espanhol não era suficiente para explicá-lo que para mim era tudo a mesma coisa...
- Pueden ir.
- Gracias.

Chegamos ao balcão da Ibéria e assim, depois de uma aeromoça, uma professora universitária, um agente de viagens, um guarda civil e la policía, chegamos ao hotel, onde o recepcionista esqueceu de avisar que o café da manhã iria até as nove e meia...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Família buscapé vai à Europa

Ok, eu nunca mais falo mal dos portugueses. A partir de hoje nada de piadinhas com os nossos colonizadores. Lembram daquele filminho-sessão-da-tarde "Férias frustradas"? Então, estamos escrevendo um novo roteiro. Começa em Lisboa. Destinos escolhidos, passagens, hotéis e carro alugado, eu, meu pai,  Cris e a Raquel - a nossa companheira do GPS. Talvez, seja dela toda a culpa...

- Mantenha- se a esquerda para a saída da 8 e vire a direita.
- Hein? Direita?
- É a direita...
- Passou!
E lá vinha a Raquel:
- Recalculando... siga o trajeto em destaque. Recalculando...

E muitos "recalculandos" depois...

- Pedágio!
- Cuidado que aquele é sem-parar!
- Tem sem-parar em Portugal|?
- É com moedas! Alguem tem moedas?

No próximo pedágio...

- Cuidado! Aquele é sem parar!
- Alguém tem moeda?
- Ué mais não tem onde colocar as moedas... Não tem nada!
- Então vai. Vai que tem um cara atras!
E fomos! Mas o sinal tá vermelho! Dá ré. Volta!

Mas não tem nada! Então vai. Vai! E fomos... Até o próximo pedágio...

- Agora vamos escolher um que tenha cabine!
- Ticket, por favor.
- Não tenho.
- Mas você tem que ter, todos têm que pegar o ticket na entrada da auto-estrada.
- Mas eu não tenho.
- Como você entrou?
Ops... começamos a entender algumas coisas... E aprendemos uma nova palavra: fatura = multa.

E no primeiro dia de 2011... Pega o roteiro: vamos para a próxima cidade. Faz o checkout no hotel, põe as bagagens no carro.

- A gente tinha que ficar 3 noites aqui.
- Mas no papel da Mariana são duas.
- Como são duas?
- Esta aqui: Óbidos duas noites.
- Cadê o voucher com as reservas?

Tira as malas do carro e volta para o hotel: reserva errada...

- Então vamos conhecer aquela cidadezinha aqui perto.

E a Raquel começa de novo... Recalculando, recalculando. E de recalculando em recalculando passamos por quatro cidades, que estavam todas fechadas: era primeiro do ano.  Mas os lugares eram lindos. Como a Raquel conhecia a região! Calma! ali na frente está alagado! Recalculando. Vaio ficar de noite. Vamos voltar.

- A gasolina está acabando...
- Ali tem um posto.
- Pára.
- Não tem frentista, pergunta para aquela mulher.

- "Ah! eu não sei colocar gasolina?" - então, o que está fazendo em frente à bomba? Aquele menino deve saber. Tanque cheio. Vamos. E a 500 m depois... O carro pára. Pára completamente, não liga, não dá sinal de vida. Nada. Liga para o socorro da estrada e 15 min depois...

- O que aconteceu?
- A gente abasteceu e o carro parou. Assim, do nada.
- Não é combustível errado? Do que é a viatura? - sim, todo carro em Portugal se chama viatura.
- Gasolina.
- E vocês não colocaram gasoleo?
- Hein?

Anotado: gasoleo não é gasolina...
Agora, já estamos no hotel. Está tudo bem.


Mas calma, ainda vamos para a Espanha.