quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Ele dragão, eu passarinho

Meu primeiro gif :)
Uma vez tive que substituir um professor em uma aula para a 4a série. Até então, a última vez que eu tinha estado em uma sala de 4a série era quando eu estava na 4a série... Achei que seria fácil, afinal, para quem está acostumada com o ensino médio, nada deve ser difícil. Preparei uma atividade simples: eles deveriam desenhar um passarinho de um lado do papel e uma gaiola do outro. Depois colaríamos o papel em um palito e ao girá-lo o passarinho fica dentro da gaiola. Pronto! Física é mágica! E todos ficariam felizes!!!

Antes de terminar a explicação já veio a primeira pergunta:
- Pode fazer de canetinha?
- Pode.
E não parou mais:
- Pode pintar de lápis de cor?
- Pode.
Eles falavam todos ao mesmo tempo, que eu mal conseguia responder. Quando percebi, eu estava: "pode", "pode", "pode"...
- E de giz de cera?
- Pode.
- Eu não quero pintar.
- Mas precisa.
- Pode desenhar um beija-flor?
- Pode.
- E um urubu, pode?
- Pode.
- Eu quero desenhar uma borboleta, pode?

E foi aí que tudo começou:
- Pode - e eu não imaginava onde aquela palavra iria me levar...
- E um cachorro?
- Não, cachorro não. - eu precisava dizer "não" alguma hora.
- Ah, mas ela pode desenhar uma borboleta.
- É porque borboleta voa - consegui pensar rápido. Não poderia parecer que eles tinham me vencido...

Resolvi tomar as rédeas:
- Só pode desenhar bicho que voa. Tem que caber no papel e tem que ser bem colorido. - pronto. isso iria me render alguns minutos. Engano.
- Pode desenhar avião?
- Avião é bicho? Não. Então, não pode.
- E rola-bosta, pode?
- Oi?
- Rola-bosta.
- O que é isso, menina?! - respondi com cara de brava. afinal, não pode falar palavrão na aula...
- É um besouro, professora. Pode?
- Ele voa?
- Voa.
- Então pode.
- E um dragão? Pode?
- O dragão voa?
- Claro! - eu tenho certeza que nessa hora ele pensou "estúpida"...
- Então pode.

Consegui, enfim, terminar a atividade. Todos tinham ficado felizes. E vieram, ao mesmo tempo, me mostrar como tinha dado certo. Foi uma enxurrada de fofura. Só um garoto que estava no canto da classe, emburrado. Eu fui até ele, que disse, com voz de choro.
- Professora, porque você deixou desenhar um dragão?
- Porque ele voa. - ué? não era essa a regra?
O menino parou, me olhou e disse:
- Mas ele vai quebrar a gaiola!

Delícia ser professora!

domingo, 22 de julho de 2012

São, são paulos.


Entre PMs, trânsito alagamento, nos esquecemos, ou preferimos não olhar para a cidade. Parece que vale, o que os olhos não vêem o coração não sente. O problema é que, pelo menos nesse caso, isso não é verdade. E quanto menos olhamos para fora, quanto menos percebemos a cidade, mais ficamos isolados. É isso que deixa o coração cinza.
Por isso sempre é bom sair desse lugar. Se comportar como turista na capital paulista para lembrar que São Paulo é uma cidade bonita.



Em ano de eleição, pode nos ajudar a tomar decisões mais acertadas. E que vale a pena cuidar e ocupar essa cidade.

Masp
Parque Trianon
Avenida Paulista

Casa das Rosas
Na última quarta-feira de cinzas resolvi experimentar uma cidade diferente. Andei pela Paulista acompanhada de um audioguia (que pode ser encontrado aqui). E foi incrível olhar a cidade com um novo olhar. Perceber o verde que ainda existe, olhar as formas, as cores, e as pessoas da cidade. Recomendo o passeio, que começa no conjunto nacional e termina na Casa das Rosas. O trajeto dura cerca de uma hora, caminhando devagar.




Nessa perspectiva, resolvi aproveitar o final das férias e re-encontrar o centro. Nunca tinha ido na Estação da Luz. Aproveitei esse desvio da minha personalidade e fiz o pacote: estação-parque da luz-museu da língua portuguesa. Tudo isso só de tarde.Você pode inserir nesse roteiro a Pinacoteca, que é pertinho e certamente vale a visita.
O parque é realmente bonito. E tem um aquário para visitas.

Parque da Luz
 


Estação da Luz e entrada do museu
Jorge Amado
Mais Jorge























Faça as pazes com o cinza você também:




Museu de arte de São Paulo
Avenida Paulista, 1578 - São Paulo - SP
Telefone (55 - 11) 3251-5644 / Fax (55 - 11) 3284-0574
Próximo à estação do metrô Trianon-MASP
De terça a domingo: das 11h às 18h (bilheteria aberta até 17h30)
Ingressos: o ingresso integral custa R$15,00 e dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da visita.


Casa das Rosas
Av. Paulista, 37
De terça-feira a sábado, das 10 às 22 horas; domingos e feriados, das 10h às 18h
(passível de alteração, de acordo com a programação).
Tel.: (11) 3285-6986 / (11) 3288-9447


Parque da Luz
Rua Ribeiro de Lima, 99 / Praça da Luz, s/n - Bom Retiro - tel:11 3227-3545
De terça a domingo, das 9h às 18h
obs: o parque abre às 5h para atividades físicas


Museu da Lingua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº
Centro - São Paulo - SP
(11) 3326-0775
De terça a domingo, das 10h às 18h. (bilheteria aberta até 17h00)
Ingressos: R$ 6,00
(Estudantes com carteirinha pagam meia-entrada. Professores da rede pública com holerite e RG, crianças até 10 anos e adultos a partir de 60 anos não pagam ingresso. Aos sábados, a visitação ao museu é gratuita.)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Antes que os céus caiam sobre nossas cabeças

Foram 12 dias de viagem sem nenhum acontecimento extravagante. Quer dizer, eu tinha escolhido entender os dois sapatos destruidos apenas como "coincidência"... Mas, ultimamente os céus têm me mandado avisos. E eu não deveria ter ignorado este: nínguem deve sair de casa sem sapatos.

E depois de combustível errado em Portugal, briga no aeroporto em Madri, correr atrás de ladrão em Genebra, levar murro de argentina, 2011 seria só uma prévia. O melhor ainda estava por vir. E a viagem para a Itália não seria monótona...

Chegamos em Campobasso, que fica na região de Molise, meio centro-sul da Itália. Tudo certo para irmos até a cidade da vó, Colle d'anchisce. Gps a postos e muitos casacos porque fazia frio, frio, muito frio.

Eram 16 km até a cidadezinha da vó, que fica no alto de uma montanha. A temperatura caia a cada quilômetro, 11°C, 7°C. 3°C, chegamos. O lugar era lindo! 1°C.

Acabou? Era isso? Vamos voltar? É por essa estrada mesmo? O gps está certo?

Continuamos um pouco e a estrada começou a ficar um pouco sinistra. Mais sinistra. P-a-v-o-r-o-s-a. Era impossível fazer retorno: barranco de um lado e despenhadeiro do outro.

Então começou a chover. Mas estava frio, frio, muito frio. Peraí. Aquilo não era chuva: ESTAVA NEVANDO! Ok. Sem pânico. O gps ainda estava funcionando. Até que veio aquela maldita voz: “assim que possivel faça retorno". COMO?! Ela não estava vendo que era impossível fazer retorno? Ela viu. E de repente éramos um pontinho num mapa amarelo sem estrada. Estávamos no meio do nada. No frio, na neve, no despenhadeiro sem mapa nem gps, nem nada tinha na estrada. Agora sim: vamos morrer.

Como não tínhamos opção, seguimos, buraco por buraco até chegar na estrada. Pelo menos a neve tinha parado.

Ufa! Estávamos salvos! Mas... Era isso mesmo? O pneu estava furado. Encosta. Desce, tira o macaco, o estepe, chave de boca, chave de roda e... começa nevar de novo...

Foi assim que eu vi nevar pela primeira vez. E mesmo com a mão cheia de graxa, no meio de uma estrada perdida pela Itália não foi possível não me emocionar.
Em cinco minutos estava tudo branco...




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Jade e Jorge

Quando eu entrei na academia "só para conhecer" e vi que era ela quem iria me atender quase-quase fui embora. Jade é dessas meninas que de tão bonitas ficamos com raiva, principalmente quando estamos com a auto-estima reduzida a ponto de procurar uma academia.
Não desisti e ela me convenceu, parecia que me conhecia e sabia o que eu queria ouvir. Depois disso, passou a me ligar quando eu faltava na ginástica e quando que eu ia, conversávamos. Ela sabia o que eu gostava, perguntava do meu trabalho e contava um pouco da sua vida também, que tinha entrado na faculdade… Eu sabia que esse era o trabalho dela, mas não ligava. Gostava disso, na verdade. Um dia, cheguei na ginástica e ela não trabalhava mais lá. Tinha ido embora assim, sem dizer nada. Me senti um pouco traída e meio abandonada. Como eu faria agora sem ela? Quem iria me ligar?

Jorge é o frentista do posto onde eu abasteço o carro. Ou abastecia. Eu detesto colocar combustível, então adio essa tarefa até não poder mais, o que quase sempre acaba em uma 5ª feira e então eu abasteço sempre no mesmo posto. E o Jorge sabe disso. E sabe que eu não verifico o óleo e nem calibro os pneus. Então, quando eu vou lá ele faz tudo por mim. E eu sei que esse é o trabalho dele, mas ele me chama de professora e falamos de futebol. Eu nunca lembro se ele é palmeirense ou corintiano, mas ele sabe que eu sou são paulina. Mas hoje, ao abastecer, percebi que a bandeira do posto tinha mudado.
- Calma, Jorge, não enche não. O que aconteceu com o posto?
- Mudou, a Petrobrás comprou a rede.
- E agora, o que vai acontecer com o posto?
- Nada… fica tudo igual…
- E o preço da gasolina? – devo confessar que esse foi o fator que colocou Jorge na minha vida: o posto era o mais barato no caminho da escola.
- É, parece que vai aumentar… Mas a qualidade é outra, de confiança… - ele disse olhando para o chão. Nem ele acreditava no que dizíamos. Trocamos algumas palavras sobre o futuro, os empregos, os patrões e empresários. E quando eu estava indo embora, ele disse:
- Não deixa de vir aqui não, a gasolina é de confiança.
- Ok, vou tentar. – ambos sabíamos que  eu estava mentindo. Eu vou acabar num posto na Francisco Morato, que ainda não foi incorporado. E essa foi a nossa despedida.

Jade e Jorge eram duas pessoas que faziam parte da minha vida sem saber. Porque existem pessoas que conseguem ser assim. Encontrar com eles durante a semana fazia a minha semana mais agradável. Porque eles eram gentis e sorriam, mesmo que o dias deles não estivesse sendo bom. E eles saíram da minha vida da mesma forma que entraram: de repente. Agora, sem eles, quem vai me lembrar da pessoa que eu deveria ser?

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O outro lado da lua

Adorava Astronomia quando era criança e tinha a certeza absoluta, no auge dos meus doze anos, que seria astrônoma. Foi a Astronomia que me levou a Física, e no meio de tantas outras escolhas, ela acabou ficando de lado. Colecionava artigos de jornal e lia tudo que caia nas minhas mãos. E, em uma aula de ciências da 5a série, a professora diz:
- A lua só mostra uma face para a Terra.
Se eu pudesse escolher "frases que mudaram a vida" certamente essa seria uma delas. Eu achei aquilo tão incrível que não podia acreditar. E perguntei:
- Como?!
E foi então que o meu mundo caiu, a professora respondeu:
- A lua só mostra uma face para a Terra. Por isso dizemos a face oculta da lua.
- Mas a lua não gira?
- Gira.
- Então... Como pode?
A coitada da professora não estava preparada para aquela pergunta. Ela tinha decorado o roteiro direitinho: nove planetas (ops...), sabia a diferença entre translação e rotação, mas aquela pergunta ela não sabia a resposta. Claramente ficou incomodada com a minha insistência. Foi salva pelo sinal, mas sabia que não tinha acabado. Na semana seguinte, antes que eu dissesse qualquer coisa, ela me procurou:
- Perguntei para o professor de física do colegial que me explicou: é uma questão de segundos.
Eu realmente não sei se aquele papo de "professor de física" era para me assustar, ou me convencer. Mas sei que só piorou a conversar:
- Segundos?!!! Mas COMO?!
A minha relação com a professora de ciências da 5a série acabou logo ali. Ela não sabia a resposta e não devia ter entendido a explicação do "professor de física do colegial". E tinha sido formada para responder tudo e não sabia lidar com as perguntas que não tinha resposta. E disse:
- É uma questão de segundos e pronto. Agora vamos abrir o caderno e estudar o ciclo da água.

Puxa, na 5a série eu achava que não poderia aprender mais nada com ela. E da mesma forma que não sou astrônoma, estava enganada. Acho que todas as vezes que eu entro em sala, me lembro daquela aula. Ela me ensinou que podemos reconhecer nossas limitações. Ensinou que um bom professor não necessariamente sabe todas as respostas. E que a frase preferida de todos os estudantes é "por que?" E cada vez que algum aluno me pergunta: "mas como?" respiro fundo e penso naquela professora. Mesmo que a resposta esteja na ponta da língua.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A nossa Universidade


Todos os dias preparo meus alunos para entrar na Universidade. Hoje, fui preparar a Universidade que quero para os meus alunos.

Estava afastada do movimento estudantil desde que defendi o mestrado. Deixei um ME  fragmentado e desarticulado. E passei acompanhar as coisas de longe, e infelizmente, a maior parte das informações vinham da  grande imprensa. E assim, de longe, parecia plausível aquela história que me contavam todos os dias nos jornais. Mas, terça feira, até isso deixou de fazer sentido.

Já está na hora das pessoas perceberem que ser contra a polícia militar na campus não significa ser contra segurança ou por interesses pessoais. Sou contra a polícia militar na USP porque sou contra políticas públicas que criminalizem as nossas ações sem discuti-las. O governo do estado já fez isso com o cigarro, que deveria ser tratado como questão de saúde pública mas foi criminalizado. E hoje não fumamos nos bares, e quase não reclamamos desse fato. Há, inclusive, os que apóiam. E agora está fazendo novamente. Polícia não é sinônimo de segurança. A Universidade precisa de um plano de segurança publica que repense a sua ocupação, seus espaços, seus acessos. A gente se acostuma com tudo e tenho certeza que se acostumaria com a polícia no campus e logo deixaria de pensar o que isso significa. Um dia, um amigo contou que na sala de professores de sua escola outro professor dizia que a solução para a educação no Brasil seria colocar um policial em cada canto da sala de aula, assim, cada vez que algum aluno não se comportasse, tomaria tiro. E ele não estava brincando. “Assim eles saberiam como se comportar”. E faltaria pouco para alguém dizer que ofender funcionário público é crime e isso seria um pulo para defender que aluno mau criado fosse para a cadeia. "Só para aprender a se comportar".

Não. Definitivamente não é essa sociedade que quero. Não é para essa sociedade que formo todos os meus alunos.  E a Universidade faz parte da sociedade.

Assembléia de estudantes da USP no salão nobre da faculdade São Francisco.
Hoje, na assembléia de estudantes na São Francisco encontrei um movimento estudantil articulado e respeitoso. As pessoas se ouviam. Não se falava de maconha, mas de projetos de Universidade. É uma pena que 73 pessoas precisaram ser presas para que pudéssemos colocar em pauta questões que há muito tempo deveriam ser amplamente discutidas. Porque a defesa da Universidade que queremos - pública, segura e para todos – não deve ser uma luta só de estudantes, mas de toda a sociedade. 

domingo, 6 de novembro de 2011

Caras e bocas

Um dia eu me apaixonei por um moço. E como em toda paixão, nos deixamos levar pelos encantos e fazemos coisas que não faríamos caso estivéssemos sob controle de nossas faculdades mentais. E assim fui parar em um Mc Donalds de shopping em um domingo ensolarado. E para mim, tudo estava bem porque eu estava com o moço. Também como em toda história de amor, o moço já tivera outras moças e eu não me sentia muito a vontade com algumas... Entre o Big Mac e a coca cola eis que ele solta:
- A fulana entende emotions.
- Hein?
- É, aquelas carinhas... Eu escrevi uma hoje no email e você não respondeu.
- Hein?

Ok, eu deveria ter entendido aquilo na hora: estávamos com problema de comunicação. E não era por causa da ausência de sorrisos eletrônicos. Eu quis responder, dizer que eu tinha me formado em física e em jornalismo, que trabalhava em uma revista, que sabia programar em C e que portanto, não precisava de carinhas de computador. Quis completar dizendo que eu passei a adolescência com amigos reais, cervejas e festas reais e que por isso não, não usava o Icq. Mas se depois de seis meses de namoro ele ainda não tinha percebido nada daquilo, minhas palavras não serviriam... Então só fiquei olhando para o moço e não fui capaz de me defender. Fui para casa triste. Naquele dia não liguei para o shopping, a fila do cinema ou a quantidade de sódio na minha comida. Mas cheguei em casa me sentindo a pessoa menos querida do mundo.

Como era de se esperar, alguns Mc Donalds depois, troquei o moço por outro, que gostava dos meus erros de português. Preferia meu rascunho, do que a versão editada e corrigida, dizia.

Essa semana ao ler essa notícia no jornal, me senti, de certa forma, vingada. A folha republicou uma notícia do Times que discute a utilização dos emoticons principalmente entre os ambientes formais e qual os possíveis impactos na linguagem. Gostei, especialmente, de uma coordenadora de escola de Manhathan, Michele Farinet:


"Para mim, é como um filme malfeito em que, logo que o pai agarra o cachorrinho, a câmera imediatamente focaliza a expressão lastimosa do filho - como se o diretor não acreditasse que o espectador fosse capaz de sentir por si próprio uma emoção condizente com a cena", afirmou Farinet por e-mail. "É isso que os emoticons fazem. Por favor, não me 'mostre' que eu deveria estar com uma cara alegre ou triste ou que você está com uma cara triste ou alegre. 
Você seria capaz de imaginar a leitura do final de 'O Grande Gatsby' dessa forma? 'Então partimos, barcos contra a corrente, levados incessantemente de volta para o passado :-('"

E agora, José? Vai lá, defender as carinha de computador.

Hoje eu troquei os erros de português por notas musicais, e levo a vida cantando. Ainda que desafinada.