domingo, 18 de outubro de 2009

Ontem eu ia ao cinema...

Mas antes passei com a minha mãe em uma loja de aquários. Íamos comprar água salgada, mas acabamos com alguns pagurinhos...


E ao chegar em casa, ficamos duas horas olhando os bichinhos andarem pelo aquário, e lá se foi o filme...


Sim, um ano depois... Meu aquário está de volta. Ganhei de presente da minha irmã.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Alo, além.

O mês de julho foi bastante conturbado. E sim, eram as minhas férias. Todas as preocupações paralelas culminaram em um mês repleto de pesadelos.

Mas teve um especial. Sonhei que estava sendo assaltada e uma moça parava para me ajudar. Mas o pânico era tanto que minhas pernas paralizaram e eu não conseguia sair do lugar. Foi h-o-r-r-í-v-e-l. Acordei na hora. Completamente apavorada. E foi então que o pesadelo de fato começou.

Fiquei com medo de dormir de novo e o sonho continuar. Isso sempre acontece comigo: me "salvo" de um pesadelo e quando pego no sono de novo o horror retorna. Pensei em assitir TV. Mas a violência é um tema tão recorrente na programação, que aquela não parecia uma boa ideia. Mas eu estava certa de que a única coisa que não poderia era ficar acordada: estava me enlouquecendo com a situação. E ainda teria um longo dia pela frente, que não combinaria com uma noite de insônia.

E nesse instante, meu celular tocou. Era uma mensagem. Assustei um pouco, mais um pouco. Quem poderia ser ligando aquela hora da madrugada?

"Tá sobrando vaga no manicômio feminino".

Foi a primeira vez que eu recebi uma mensagem do meu inconsciente.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Hermética

Caí. E fiquei estatelada no chão. Ao me levantar, sozinha, alguém perguntou:

- Se machucou?
- Não... – respondi – só a auto-estima.

E ninguém entendeu minha piada...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dos oito aos oitenta

Semana passada eu precisei dos meus diplomas. Sim, no plural, eram os diplomas desde o 1o grau. E faz tempo que eu terminei a 8a série. Naquela época ela ainda se chamava 8a série e o 1o grau, 1o grau... Impossível achar essas coisas na minha casa. Fiz um telefonema, mais irritada do que esperançosa:

- Mãe, preciso do meu diploma da 8a série - falei como quem diz um absurdo, esperando que ela me apoiasse e dissesse: "mas por que raios precisam do seu diploma da 8a série?". Enganei-me.
- Claro! Pode vir buscá-lo. Está aqui junto com os outros. - Outros?!

Pois é, outro dia me disseram "mãe é mãe" e a minha não foge à regra: tinha uma pasta com todos os meus "diplomas", que incluia atestato de batismo (!), certificados e todos os meus boletins da época da escola!! Só mesmo a minha mãe para guardar essas coisas. E eu ainda nem mencionei as constrangedoras fotos-anuais-deuniforme. Porque o que me interessou foram os boletins.

Estudei em uma escola em que, além da avaliação da professora, todos os bimestres fazíamos também uma auto-avaliação do nosso trabalho, das dificuldades, dos aprendizados... Enfim, para que não houvesse dúvidas estava lá em todos os bimestres: "tenho dificuldade em português, ainda confundo o b pelo d e o t pelo v", e outra confissão: "aprendi matemática, só não consigo acertar o resultado das contas". E-x-a-t-a-m-e-n-t-e isso. No meu boletim da 2a série, para que todos possam ler. E como eu me descreveria hoje? "Tenho dificuldade em porvuguês, ainda confunbo o b pelo d e o t pelo v, mas aprenbi mavemática, só não consigo acertar o resulabo das convas".

Sempre achei que tivesse dislexia, mas na verdade eu tenho maturidade intelectual de uma criança de oito anos!

Bom seria se a minha viagem ao auto-conhecimento tivesse parado por aí... Nessas férias eu e minha mãe recuperamos o "projeto caminhada" e voltamos a andar pelo bairro. Descobrimos uma praça nova nas redondezas e nos jogamos nos aparelhos de ginástica. Eram uns aparelinhos divertidos, que fazem parte de uma "academia para a 3a idade". Ficamos por lá alguns minutos apenas e qual foi o resultado? Meu corpo inteiro dói. INTEIRO. Ou seja, fui reprovada de novo...

Sempre achei que eu tivesse uma descordenação charmosa, mas na verdade meu corpo não consegue acompanhar nem exercícios para a 3a idade!

Em resumo, sou uma mulher de trinta anos que pensa como se tivesse oito em um corpo de uma senhora de oitenta. O que sobrou para mim?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Banida do sebo

Estava com a minha mãe. Olha, abriu o sebo de novo, será que tem o livro que eu to procurando?

- Não, Ana Luiza, a gente sempre vai lá e o dono é meio esquisito.
- Deixa mãe, vai ver mudou de dono.

Insisto.

- Oi, eu estou procurando um livro. Sobre divulgação científica, você tem alguma coisa de jornalismo?
- Jornalismo ou divulgação científica?
- É a mesma coisa - preferi não entrar no mérito.
- E existe publicação nessa área?
- Algumas.

Entra um garoto. "Não, isso não está a venda". O garoto, meio sem graça, pergunta: tem alguma coisa sobre massagem? "Um monte". Qual o título?" Não sei. "Então volte quando souber!" E começou a resmungar com o menino. Virou-se para mim:

- Qual o título?

Tremi. E se eu errasse? Mas essa eu sabia! "Divulgação científica". Ele liga o computador.

- Autor?
- Isaac Epstein. - E se ele me pedisse para soletrar?! me adiantei - é da editora Pontes. Assim eu ganharia um tempo.

- Esse livro está esgotado há muito tempo.

Era a minha deixa. Tá bom, obrigada.

- Não, agora que eu já liguei o computador, deixa eu terminar.
- Er, mas, você não tem o livro AQUI?
- Estou procurando. - e não tirava os olhos da tela. - Achei. R$39, demora dez dias.
- Não, obrigada, mas eu esperava que você tivesse o livro - afinal, aquilo era um sebo, não? Para encomendar da livraria eu podia fazer de casa...
- Mas você é um atraso de vida! E trate de não aparecer mais por aqui!

Por não ouvir a minha mãe, fui banida do sebo...

sábado, 27 de junho de 2009

Memória de peixe, memória de elefante

Vou sempre com uns amigos da escola em um bar. 2as feiras, depois da reunião. Um dia, pedi para o garçom:

- Tem copo pequeno de cerveja? Se tiver, eu prefiro.
- Claro - e logo me trouxe um.

Na semana seguinte, fomos novamente ao bar. O garçom era o mesmo, e antes que eu pedisse, trouxe o copo pequeno, apenas para mim. Fiquei radiante! Nossa, como ele poderia lembrar? O bar estava cheio, o garçom deveria atender muitas pessoas e suas idiossincrasias todas as semanas, como poderia lembrar da minha? E todas as pessoas da mesa tiveram que ouvir a minha felicidade por alguns minutos.

Eu fiquei realmente comovida com a história. E com outros amigos, em outro bar, contei para todos. E um dele respondeu:

- Ah, é aquele garçom que lembra de tudo?
- Hein?
- É, naquele bar da esquina, todo mundo conhece ele no bairro... tem memória de elefante.

Meu mundo caiu. Não eu não era especial. Era ele e sua maldita memória. Parei de frequentar o bar, em protesto. Mas em uma outra segunda-feira, cedi e voltei. Ele estava lá, sorridente.

- Nossa, faz tempo que você não vem...
- Tenho trabalhado muito - não iria cair no golpe novamente! Eu também tinha boa memória...
- É, mas seus amigos continuraram vindo, estão ali. - e apontou a mesa. Mas essa era fácil, vai.

Sentei. E logo veio ele com o copo pequeno de cerveja. E olhou para mim com uma expressão que dizia "viu, eu não esqueci". E nesse instante, meu coração amoleceu e eu esqueci todo meu desapotamento e me senti querida novamente. Sorri, feliz da minha memória de peixe, que me deixa esquecer algumas coisas.

domingo, 21 de junho de 2009

Um dia, um gato

Desde que eu consigo lembrar vou ao cinema com a minha madrinha. Passamos por várias fases, os infantis, os juvenis e eu logo cheguei a fase preferida dela: os filmes com histórias elaboradas e personagens sofridos. Os filmes de gente grande.

Dos mais antigos, tem um que foi o mais marcante. Um dia, um gato. Acho que era esse o nome do filme. Ela se cansou de desenhos e historinhas bobas e resolveu me levar para um filme daqueles difícies de entender. Pelo menos para uma criança de oito anos. Lembro que era história de um gato, que via as pessoas em cores diferentes para cada característica, azul para inveja, vermelho para raiva e assim por diante e isso causava uma grande confusão na comunidade. Lembro bem que o filme não fez o menor sentido para mim naquela época.

Então, o filme voltou em cartaz. E lá fomos nós novamente, a minha madrinha é assim, quando ela acha que você deve gostar de alguma coisa... Não desiste. Eu tinha crescido um pouco, mas o filme continuava um mistério para a minha compreensão. Não conseguia entender como alguém poderia gostar tanto, e por tanto tempo, de uma história tão sem graça. Ainda mais alguém que nunca gostou de gatos.

Hoje, fui ao cinema com a minha madrinha mais uma vez. O filme não foi surpresa, o espanto é que agora ela cuida de um gato. "Branco, de olhos azuis." E mais uma vez fiquei confusa. Sempre me surpreendo e me encanto com as pessoas que conseguem, assim, de repente, fazer coisas tão diferentes da vida. Como, por exemplo, passar a gostar de gatos. As vezes acho que nasci sem essa capacidade.

O filme de hoje era triste, triste. Daqueles que até o choro sofre e não consegue sair. Os preferidos da minha madrinha. Eu não, gosto de filmes com final feliz. Daqueles que a gente chega a enjoar de tanta felicidade. Gosto da entorpecência que o cinema traz para a amargura da realidade. O nosso cotidiano já basta de tanta dificuldade.

Acho que a vida é uma grande desilusão com momentos de pequenas felicidades. Como ir ao cinema com a minha madrinha.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu, meu pijama e a novela

Tenho ido para a cama cedo nos últimos tempos. Trabalho demais, frio demais, disposição de menos. Semana passada não foi diferente, e às nove horas eu já estava na cama. Foi quando de repende, eu ouvi uma música bem baixinha, lá longe e eu não me incomodei. Mas a música foi aumentando. E a minha paciência diminuiu. Xinguei meu vizinho, quem era ele para colocar uma música àquela altura? Praguejei contra a sua felicidade, segunda-feira e aquela alegria? Mas meu mau-humor durou pocou e logo se transformou em pânico. O barulho vinha da minha casa.

Mas essa não é uma história de terror, a minha história é com celular. Um celular, especificamente. Um celular, como muitos outros, quebrado, trocado e esquecido. Pois é, faço parte desse mundo descartável onde trocar de aparelho é mais barato do que consertá-lo. Meu telefone caiu no chão, e a tela de cristal líquido se tornou um painel psicodélico de arte contemporânea. Por algum tempo me diverti com o novo "brinquedo", mas não há espaço para a arte quando falamos em telefonia. Apesar do visor ter ficado mais bacana, com a queda não conseguia dizer quem me ligava, ou ler mensagens, ou mesmo verificar se tinha discado o número correto. E depois de um tempo o celular teve o destido de outros: a caixa dentro do armário. E ficou lá, esquecido.

Mas na segunda-feira passada resolveu voltar a vida e me pregar uma peça. Demorei para perceber que o som vinha do quarto ao lado, de dentro do armário, de dentro de uma caixa com "materiais didáticos", coisinhas que eu insisto em guardar com a esperança de usar em alguma aula.

Passado o pânico, veio a curiosidade. Por que o maldito celular resolvera tocar tanto tempo depois? Seria algum mistério extra-mundano? O "espírito zombeteiro"? Mas como boa física, procurei uma explicação mais sem graça e mais plausível: o celular tinha sido programado para tocar naquele horário.

O problema é que eu não tinha nenhum compromisso para aquele dia. Mas o que teria sido tão importante no ano passado para que eu, com medo do esquecimento, programasse o celular para tanto tempo depois? Fiquei um pouco melancólica com o fracasso do meu planejamento, porque mesmo com alarme, esse dia foi somente eu, meu pijama e a novela.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Das profissões que não deveríamos ter

Até hoje eu brinco de "o que você quer ser quando crescer". Tá bom, não sou criança, e já tenho profissão, duas até, se quiser contar diplomas. Mas gosto dessa idéia de poder pensar que a qualquer momento tenho a chance de ser outra pessoa. Porque eu realmente acredito que somos, em parte, definidos por aquilo que fazemos.

Já quis ser poeta, bailarina, fotógrafa. Mas, nas minhas brincadeiras estão fora todas as profissões relacionadas à saúde. Nunca, nunca, nunca quis ser médica. Nem enfermeira, nem mesmo psicóloga (ou pessecóloga, para alguns...). Nunca.

Ontem, chegando a escola, vi um acidente de moto. Uma moto, dois passageiros. Cairam, assim, como diria a minha vó "de maduros", então não foi nenhum acidente muito feio. Mas só estava eu na rua, então fui ajudar os acidentados. Eles pareciam bem, não tinham batido a cabeça (aprendi com a minha mãe: sempre verifique se bateu a cabeça, o resto é... resto). Ofereci uma água. "Vamos até a escola, é ali ó". Fomos.

Eles ficaram na porta, com a moto. Entrei na escola. Oi, um copo. Brigada. Voltei. Eram dois e eu tinha levado um copo. De novo na escola. Oi, outro copo. Brigada. De novo à porta. Um deles sangrava. Escola, secretária. Oi tem antisséticobandeidgaseataduraqualquercoisaqueomoçocaiudemotonaportadaescolaeeunaoseioquefazer? Calma, respira. O que você quer? Não sei. Não sabia mesmo. Queira ter chegado atrasada, não ter visto nada daquilo. Meus olhos encheram da lágrimas e minhas mãos tremiam. Respirei. Eu quero um spray e gases.

Porta, moço com a mão sangrando. Meu deus do céu, porque esse spray não funciona?! Funcionou. Meu deus do céu, porque a minha mão não pára de tremer, como eu vou dar o nó nessa gase? Consegui. Ufa, ufa, ufa. Eles foram embora, e eu agradeci ser professora.

Foi então que eu lembrei, que mesmo sendo professora, de vez em quando tem um engraçadinho que resolve, acidentalmente, arrancar um pedaço do dedo com o estile. Na sua primeira aula. E aí você tem que engolir o choro e segurar a mão.Porque quando isso acontece dá um aperto forte no coração, eu fico sem saber o que fazer. E, então, as vezes eu ainda brinco de "o que você quer ser quando crescer".

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Metáfora

O aquário é mesmo o reflexo da minha vida. Até as pragas morreram.

Não fossem os poliquetas, e uma única estrela do mar manca, não sei o que seria de mim.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A escola e a vida

Eu esperava por um exame de sangue no laboratório. Ao meu lado estavam Tainá, sua mãe e o namorado da mãe. O atendente leva o namorado para a sala de exames e Tainá começa:

- Mãe, quero ir com ele.
- Não pode, Tainá. Ele foi fazer uma radiografia, tem que entrar sozinho.
- Mas, mãe, eu quero ir com ele.
- O médico não deixa, é perigoso. Ele já vem.
- Mas, mãe, eu quero muito ir com ele.

A mãe se viu em um beco sem saída. Tainá não fazia escândalo, mas a mãe olhava para os outros constrangida. Pensou um pouco, mas a menina insistia, queria mesmo acompanhar o rapaz, então a mãe disse:

-Tainá, na vida nem tudo o que a gente quer, a gente pode ter.

Eu fiquei com pena da garota. Seus seis ou sete anos não mereciam tanta sinceridade. Papai noel, coelho da páscoa, um mundo justo, são coisas que devem fazer parte da nossa infância. Aquela mãe apelou para a realidade. Mas Tainá, no auge de sua sabedoria, respondeu para a mãe:

- Não, mãe, na vida tudo o que a gente quer a gente tem. E eu quero ir com ele.

Vi o desespero tomar os olhos da mãe. Agora, seu constragimento se transformara em pânico e olhava para os outros implorando ajuda. Fez mas uma tentativa.

- Tainá, na escola, você faz tudo o que quer?
- Não - e parecia nem ligar para a pergunta da mãe.
- Então? - respondeu a mãe certa de sua vitória. Na vida a gente nem sempre consegue o que quer, mas ela tinha conseguido naquele momento.

- Mas mãe, a escola não é a vida, a escola é só um lugar.

Ai, que saudades dos meus sete anos!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Miopia

Sou mais Saramago que Guimarães. Acho que vemos o suficiente. Nem demais, nem de menos. Assim, respeito minha miopia.

Entrei na ótica com minhas melhores armas. E encontrei um vendedor que estava disposto a lutar. Passaram-se 15 minutos com ele subindo e descendo a escada, confiante, impassível. E eu continuava: não, não, hum... Não!

Senti ele suspirar e achei que desistira. A miopia vencera. Mas ele trouxe uma última caixa. E começou:
- Não, esses te deixam abatida.

Mais um:
- Hum, você ficou estrábica!

E outro:
- Nariguda...

E então:
- Nossa! Esses te deixam... ...Linda!

Sai da loja um pouco mais Miguilim...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Pelas nossas esquinas

Outro dia, voltando de umas cervejas com a Lu. Cada vez mais paranóica com a violência da cidade: vidros fechados, pé no acelerador...

- Não tenho nada...
- Mas abre o vidro um pouquinho? Só para conversar. - conversar, conversar...

Geralmente eu não abriria, mas sei lá, ando meio emotiva ultimamente... Abri. Antes que eu terminasse a fresta de 3 cm já pensava: "se esse cara me assaltar, eu vou me sentir a pessoa mais estúpida do planeta". Não foi nada disso.

- Olha moça, como as pessoas são mal educadas por aqui, não? Ninguem respeita mais ninguém.

Sorri. Amarelo. Na dúvida se fazia parte "daquelas pessoas por ali". Fazia, não?

- Então, sou soropositivo, não tenho emprego... Bla, bla, bla... uma moeda?

Achei um troco que estava no console do carro. Entreguei. E ele me deu um folheto de divulgação das atividades do Sesc. Agradeci, obrigada.

- E você tá achando que eu vou fazer a linha pedinte?! Pedinte , não! Divulgador cultural!!! Leve esse folheto.

Agradeci mais uma vez.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Maldita terra da garoa

Não quero mais morar em São Paulo. Agora mesmo fui ao banco. Quando saí de casa caia aquela chuvinha fina, que não incomoda, e é até agradável...

Mas, paulistana que sou, sai de casa correndo. Correndo para ir ao banco, tarefa que eu detesto e que me deixa aflita por antecipação. Tenho fobia das possibilidades de violência que essa cidade oferece.

Fujo do banco sempre que posso. E hoje, mais uma vez, saí de casa correndo. Quase não notei a presença do cego. Mas ele me percebeu.

- Me ajuda a atravessar a rua?

Parei, éramos eu e ele na calçada. Só podia estar falando comigo. Gelei. todos os noticiários da TV passaram na minha cabeça. É isso que acontece quando você tem fobia de alguma coisa: não pensa direito. E eu pensei na TV. E antes que esboçasse qualquer reação o cego já tinha grudado no meu braço.

- Me ajuda a atravessar a rua?

Pensei em dizer que ainda estávamos no meio do quarteirão, que ele não precisava segurar no meu braço com tanta força. Mas já era tarde. E na minha cabeça começava. Assalto. Batedor de carteira. E o cego andava.

- Você mora por aqui?

PCC. Sequestro relâmpago.

- Mora em prédio, é? Tem bastante prédio nessa região...

Roubo de órgãos. Estupro. Por que eu não conseguia mentir para ele? Ele continuava com as perguntas. E a esquina não chegava nunca. Chegou. Atravessamos.

- Para onde o senhor vai?
- Para a Cardoso. E você?
- Para a Turiassu. - menti. Não conseguiria dizer que ia ao banco.

Ele agradeceu, mas ameaçou subir a rua ao meu lado.

- Não, a Cardoso é para lá.

E foi assim que eu o deixei. Abandonei o cego no meio da chuva porque tive medo dele.

Quando era ele que devia ter medo de mim.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Tanto azar é sorte

Eu tenho tanto azar, mas tanto azar que vira sorte. Explico.

Eu tenho um carro, já velhinho. E meu carro é como gente: guarda as cicatrizes da vida. E a vida andava difícil para ele, ou seja as cicatrizes eram muitas. Sim, esse é um eufemismo para descrever meu carro "batidinho". Os que já viram, sabem. Os quatro cantos amassados. Não muito amassado, mas o suficiente para não caber no meu orçamento mandar arrumá-lo.

E então ele começou a vazar água. E por um bom tempo aguentamos, eu, ele e uma garrafa pet. Cansei e levei o carro ao mecânico. Como sempre, reclamei do preço. Bastante. E o carro ficaria pronto na 2a. Mas, recebi um telefonema: "pode buscar o carro na 3a? Não ficou pronto ainda." Ok.

E fui buscar o veículo. Quando cheguei a oficina tive a surpresa: ele estava brilhando! Nada como uma lavagem... Mas não era só isso. O mecãnico disse:

- Olha só, você reclama tanto do preço que resolvi arrumar todo o carro para você. Vê se cuida dele agora.
- Hein? Todo? - e eu olhava para o carro catatônica. ISSO NÃO ERA POSSÍVEL. Ele estava lindinho, parecia novo. Continuei. - Mas como?
- Ta bom, não gosto de mentir. Aconteceu o seguinte: o menino subiu na escada e caiu em cima do carro e quebrou o parabrisa. Eu troquei o vidro e resolvi arrumar o carro todo.

Fiquei sem palavras. Viram? Só comigo mesmo para ter o azar do ajudante da oficina cair em cima do carro. Tanto azar que virou sorte e meu carro ficou novo.

Agora, eu já troquei o aquário tantas vezes que é azar em quantidade imensurável. Quando será que essa história vai virar sorte?

PS: para aqueles que se preocuparam com o garoto despencante, ele não se machucou em nada. Está bem, esperando a vez dele da sorte virar...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Ainda 09

Pois é, 2009 já está a todo vapor. E eu até consegui colocar algumas coisas no lugar. Mas o aquário continua lá, abandonado.

Agora faço Ioga. E acupuntura. Mas o aquário continua lá.

Hoje fiz até promessa, dessas pra São Longuinho. Mas o aquário continua lá.

E cada dia que passa, ele não sai do lugar.

Acho que preciso de ajuda.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

2009

Estava lá, entre as coisas para fazer no início do ano:
1. ...
2. ...
3. Trocar o aquário
4. ...

Sim. De novo, o meu aquário está vazando água. Pode?

E já estamos na terceira semana do ano e eu não consegui fazer isso. Acho que estou com medo de dar errado pela 4ª vez, como tudo parece dar errado nesse curto 2009.

Acho que sou uma pegadinha de Deus.