terça-feira, 16 de agosto de 2011

Meia noite em Paris



Ela estava em Paris. Saíram com o restaurante fechando. O jantar tinha sido perfeito, mas já era perto da meia noite.

- Será que o metro fica aberto depois da meia-noite? - Ela andava depressa. Não queria se perder, mesmo em Paris. Olhou no mapa, a estação era perto, mas eles andaram mais do que imaginavam. As ruas estavam vazias, nem pareciam férias. Um velho que estava sentado no bar levantou e foi na direção deles.

- Vocês estão perdidos?
- Não. - ela respondeu e apertou o passo.
- Estamos procurando o metro - disse ele, com um sorriso no rosto. Por que ele tinha que ser sempre tão simpático? Eles achariam a estação sozinhos.
- É por ali. Eu vou com vocês. - mas, por que ele vai com a gente se estava sentado no bar, ela pensou.

Pronto era só o que faltava serem perseguidos por um velho na primeira noite em Paris. Olhou para ele com esperança que ele ouvisse suas angustias. Ele sorriu novamente.

- Vocês são americanos?
Ela não respondeu. O que os franceses tão tem com os americanos?
- Brasileiros. - só ele falava.
- Ah? E falam espanhol? - Pronto. Ainda encontraram um francês burro. Será que agora ele não poderia se despedir? A noite tinha sido tão boa...
- Não, português.
- Eu sei uma palavra em português: calhambeque, quer dizer carro velho. - porque aquele velho não ia embora?

E o velho foi falando até a estação. Perguntou onde eles desceriam, e ele respondeu, claro. A essa altura ela achava que ele convidaria o velho para um café. Os guichês estavam fechados e o velho os acompanhou até a máquina que vendia bilhetes. O filme se fez na cabeça dela como se fosse verdade: os comparsas chegariam e eles seriam assaltados. Sim, seriam assaltados, ela sabia. A máquina não funcionou. O velho deu dois bilhetes para ele. Definitivamente a noite não acabaria bem. Eles passaram e ele ficou esperando o velho. Será que agora eles não poderiam ir? O bilhete do velho não passou. E ele teve que pular a catraca. Pronto. Era agora. E o velho continuava andando com eles, quando chegaram na escada, disse:

- Eu vou por aqui. Vocês continuam. Boa viagem.



Eles tinham acabado de jantar. E tinha sido o melhor jantar de toda a sua vida. Ele só percebeu o tempo passar, quando ela perguntou:
- Será que o metro fica aberto depois da meia noite? - e olhou no mapa. Eles foram, ele nunca imaginou que se renderia aos encantos de Paris. Mas aquela hora, os carros, as pessoas, a lua, tudo parecia mágico. Mas ele sentia falta de sua mão, porque ela andava tão depressa? Não percebeu o velho levantar do bar.


- Vocês estão perdidos?
- Não. - ela respondeu.
- Estamos procurando o metro - disse ele. Todos se apaixonavam por ela. Ele sabia disso... Por que seria diferente com os franceses?
- É por ali. Eu vou com vocês.

Ele lembrou de todas as vezes que ouviu dizer que os franceses eram mal educados. Olhando para aquele velho não podia acreditar. Sorriu para ela, a noite não poderia ser melhor.


- Vocês são americanos?
- Brasileiros.
- Ah? E falam espanhol?
- Não, português.
- Eu sei uma palavra em português: calhambeque, quer dizer carro velho. -  Ele se divertia.


E eles foram até a estação. O velho perguntou onde eles desceriam, e ele respondeu. Os guichês estavam fechados o velho os acompanhou até a máquina que vendia bilhetes, que estava quebrada. Por um momento ele ficou sem saber o que fazer, mas o simpático velhinho deu dois bilhetes para ele. Ele não conseguia acreditar na sorte que tinham. O velhinho ainda teve que pular a catraca, pois ficou sem bilhete. Realmente os parisienses eram muito gentis. Era isso que ele iria contar para os amigos quando voltasse para o Brasil. Quando chegaram na escada, o velho disse:

- Eu vou por aqui. Vocês continuam. Boa viagem.


Ao sair do metro, garoava, e com os braços ao redor dela, eles estavam na mesma cidade. Porque Paris pede uma história de amor, ainda que inventada.