quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pula a fogueira, Iaia

Ela caminhava pelos corredores sem olhar para o lado. Os passos certeiros: tinha uma missão. Entrou na enfermaria, colocou os cadernos em uma mesa, puxou um banco e sentou:
- Mãe, eu sou feia?
A mãe, entre esparadrapos, bandeides, não estava preparada para consertar um coração. Pensava que demoraria mais uns anos, pelo menos até os 15.
Mas, como todas as mães, escondeu sua surpresa e respondeu:
- Claro que não, minha filha. Claro que não. Por que você está perguntando isso?
- Porque nenhum menino quer dançar comigo na quadrilha! - ela respondeu com os olhinhos brilhando de lágrimas que iriam cair.

Me impressionei com a familiaridade daquele problema: lembrei de todas as quadrilhas e todas meninas que já passaram e passam por essa tortura junina.

A escola mudou tanto desde que eu não danço mais quadrilha. Bullying, DDA, lousas eletrônicas, internet. É enorme o repertório das discussões nas reuniões pedagógicas. E porque ainda reproduzimos tantos rituais conservadores?